Obras da Carne - Iras e Invejas


OBRAS DA CARNE: IRAS

A coisa mais fácil do mundo é se deixar dominar pela carne. Para tanto, não se
precisa fazer nada. A carne é como a erva má. Não precisa ser plantada, nasce
em qualquer lugar, não carece de cuidados, e toma conta de tudo.

Em relação à ira, penso ser importante delimitarmos o que é a ira, para depois
saber como lidar com ela. Mas antes de colocarmos o que é a ira, penso que é
igualmente importante colocar quais são as situações em que ela aparece.

Normalmente ficamos com raiva quando: a) somos flagrados no erro (tipo ser
multado no trânsito, ou chegar atrasado e não poder fazer um exame); b) o time
para o qual torcemos perde a final do campeonato; c) um filho ou subordinado
nos desobedece; d) não conseguimos ser aprovados num exame (que não seja de fezes...);
e) somos tratados com aspereza, estupidez ou grosseria; f) somos afrontados,
injuriados, injustiçados, humilhados; g) ocorrem dezenas de outras situações
que não nos é possível colocar agora.

Todas essas situações despertam em nós um sentimento de raiva, em maior ou
menor grau. Isto é, a raiva é sempre uma REAÇÃO diante de uma situação adversa,
e pode ser em maior ou menor grau. Mais ou menos como uma reação alérgica. Vão
desde simples coceira até um choque anafilático. Mas nem por isso deixam de ser
malévolos ou malignos.

No caso da raiva, a menor das reações é um aborrecimento, e podem chegar ao
ponto de se matar uma pessoa, causar uma destruição total.

No livro COMO VENCER A DEPRESSÃO, Tim La Haye informa que a raiva é um dos
estágios ou etapas iniciais da depressão.

Sendo emoção, não temos controle sobre o seu surgimento. Mas podemos controlar
sua EXPANSÃO. Um exemplo: estamos no trânsito, uma motorista comete uma
infração, uma barbeiragem, e nos causa um susto. Surge a raiva. Podemos deixar
que ela tome conta de nós, e xingarmos o motorista e a mãe dele... ou podemos
nos controlar, agradecer pelo ocorrido e pedir a misericórdia e a benção de
Deus sobre ele.

E assim, no dia-a-dia, temos dezenas de desapontamentos, injustiça e
frustrações capazes de liberar a raiva, e que causam em nós desde um simples
aborrecimento até um ódio mortal.

Repito: quando a raiva surge em nós, diante das situações em que nós nos
encontramos, podemos nos deixar dominar por ela, ou podemos dominá-la e
deixarmo-nos ser dominados pela paz de Deus.

Um detalhe: é possível não explodirmos no momento, mas guardar a raiva, como se
segurássemos uma válvula de panela de pressão. Hipótese em que a conseqüências
são muito mais graves de desastrosas.

Imagine a raiva como se fosse o veneno de um animal peçonhento. Um animal que
muda de acordo com a situação, podendo ser desde uma abelha, uma vespa, até uma
cobra cascavel, passando por escorpiões e aranhas. As situações adversas fazem
com que o veneno nos seja inoculado. A afronta, a frustração, são a picada
destes animais. Podemos reagir no momento, gritando, xingando, matando,
destruindo, ou podemos guardar o veneno dentro da gente, fazendo com que nossos
órgãos internos apodreçam com o passar do tempo... ou podemos agradecer a Deus
por todas as coisas, boas ou más, e permitir que o Espirito de Deus nos encha
com a sua paz

Em qualquer caso é importante reconhecermos que podemos controlar a raiva, se e
quando formos controlados pelo Espirito de Deus, e se o Espirito de Deus não
habitar em nós, estamos à mercê das obras da carne, entre as quais, a raiva.

OBRAS DA CARNE: INVEJA

Toda a humanidade sofre de uma doença congênita e hereditária chamada
"pecado". Ela nasce com o ser humano, e está entranhada no mais
profundo de seu ser. As manifestações do pecado são múltiplas e multiformes. A
inveja é apenas uma delas.

Ocorre que a maioria das pessoas tem uma idéia meio "oblonga-arredondada"
sobre uma grande parte dos termos e conceitos usados correntemente. É o caso da
inveja, do amor, do ciúme, do romantismo e milhares de outros.
"Todomundo" fala sobre isto, mas quando pedimos para que sejam
definidos, conceituados, quase ninguém consegue, porque quase ninguém sabe. E
quem se arrisca a fazer uma colocação sobre o termo, começa dizendo "pra
mim".

O que é a inveja? Inveja é uma emoção, como quase todos as obras da carne. Uma
emoção que é um misto de vários fatores: vaidade, cobiça, frustração
(incapacidade) e ódio (ou raiva).

Vaidade porque o invejoso é uma pessoa que quer sempre ser o melhor em tudo, o
centro da atenções, o objeto dos comentários e dos suspiros alheios; quer
ser... invejado pelos demais. Nessa ânsia de ser admirado e invejado, o
invejoso está sempre querendo mostrar o que tem (mesmo que não tenha), o que é
(mesmo que não seja), e o que pode (mesmo que não possa).

Cobiça porque nessa ânsia de ser invejado, o invejoso quer sempre o que está
além de suas posses e de suas capacidades.

Frustração porque o invejoso sofre por não ser ou ter o que acha que deveria
ser ou ter.

E assim, surge a raiva em seu coração, e assim, a necessidade descarregar essa
ira, essa raiva, essa frustração em forma de uma vontade de ferir, de magoar,
de destruir, de fazer sofrer...

A inveja sempre tem duas vítimas: o próprio invejoso, e a pessoa de quem o
invejoso sente inveja.

O invejoso é sempre uma vítima de seu sentimento maligno, porque o faz sofrer.
Remói a sua incapacidade, se martiriza e é infeliz por que não se contenta com
o que é e nem com o que tem.

E a inveja sempre tem outra vítima: a pessoa de quem o invejoso sente inveja. O
invejoso sempre ELEGE alguém que tenha algo que o faça ser amado, querido e
desejado. Algo que o torne popular. Uma popularidade que o invejoso quer ter a
qualquer custo: uma mulher bonita ou um marido bonito, sucesso, um carro, uma
voz sedosa, um bom emprego, bons filhos, uma roupa bonita...

Na história dos reis de Judá e de Israel sempre esteve presente a inveja. Leia
os livros de Samuel, Reis e Crônicas e descubra o quanto a inveja fez matar e
destruir.

Mesmo que não o perceba, ou admita, o invejoso culpa a pessoa invejada pelo seu
insucesso, pela sua dor e sua frustração. E aí vem a raiva, o ódio, o desejo de
magoar, ferir, fazer sofrer e destruir o "culpado" pelo fracasso
desse invejoso em sua ânsia de ser o centro das atenções, o vencedor, o
aclamado pelas multidões...

Todas estas manifestações e colocações que aqui faço nunca aparecem em suas exatas
proporções. Isto é, não é porque tudo o que coloco não aparece é que a inveja
deixa de existir. Mas as colocações que agora faço podem aparecem em maior ou
menor grau.

O problema maior da inveja são as suas conseqüências. Há pessoas que conseguem
dissimular e esconder a sua inveja, e não causam nenhum mal senão a si próprio.
Mas no mais da vezes a inveja causa dor e destruição. O invejoso sempre dá um
jeito de se vingar do invejado, de lhe causar alguma forma de dor e sofrimento
(humilhação e constrangimento são os mais comuns...).

O invejoso sente uma mórbida satisfação em ver o sofrimento e a dor do
invejado. Isso se chama "perversidade".

Pregadores e cantores invejosos estão sempre a apontar os erros e os deslizes
de quem sentem inveja, e estão sempre tentando expô-los ao ridículo, não raro
distribuindo e fomentando (ou fermentando) "informações inverídicas ou
distorcidas" (popular "fofoca").

Se você sofre desta doença, reconheça-a, confesse-a e busque a cura. Evite
sofrer.