Obras da Carne - Contendas e Ciúmes

OBRAS DA CARNE: CONTENDAS

A Bíblia que é normalmente utilizada tem palavras e expressões que não são mais
de uso corrente entre nós. Então, algumas partes não são muito bem
compreendidas. Se não são compreendidas, então, não são aplicadas, não são
cumpridas.


"Contenda" se enquadra neste contexto. A Bíblia diz que houve
"contenda" entre os pastores de gado de Abrão, e os pastores de gado
de Ló (Gen.13:7). O mesmo ocorreu entre os pastores da terra de Gerar, e os
pastores de Isaque (Gen.26:20). Ainda em Gênesis 31:36, encontramos que Jacó
contendeu com Labão. E assim, sucessivamente, vemos muitas contendas na
história do Antigo Testamento.

Afinal, o que é contenda? É uma coisa muito comum na igreja, entre seus
membros, que não sabem que é uma obra da carne (ou não dão importância), e que
somente ocorre com quem está na carne, e, portanto, fora do domínio do
Espirito...

Levados pelo calor das emoções, são capazes de acusar irmãos de estarem sob a
ação de demônios, cometendo heresia, de levar qualquer bobagem sem importância
ao concilio (presbitério, reunião de obreiros, diretoria, ou coisa semelhante)
da igreja, e de exigir a cabeça do ofensor.

Contendas são brigas, desentendimentos, desavenças, discussões. São produtos de
almas feridas, espíritos magoados. Gente que por um motivo ou outro, se sente
ofendido, humilhado, e passam a dar o troco na mesma moeda, uma retaliação
exemplar. Querem vingança, porque não podem deixar o assunto por isso mesmo.
Isso são contendas.

No mais das vezes, as contendas causam o ROMPIMENTO DE RELAÇÕES. Os envolvidos
não são capazes de PERDOAR a humilhação, a ofensa, o desentendimento, as
diferenças de ponto de vista. Esta é a causa da origem de CENTENAS de
agremiações religiosas que proliferam a cada dia em todo o mundo.

Gente que se sente rebaixada, humilhada, ofendida, que NÃO SUPORTA o tratamento
(muitas vezes injusto, outras vezes, não) que lhe foi dispensado por um ou por
outro irmão ou líder da igreja onde está congregando, e decide sair dessa
igreja, e FUNDAR uma outra. Com os mesmos princípios, os mesmos valores, a
mesma doutrina... talvez o mesmo estatuto. Só o nome é diferente. E o líder
também. O fundador da nova "igrejinha", antes era parte de uma
liderança. Agora é O LÍDER, o pastor-presidente, ou cargo que o valha. Enfim, o
cara que manda, que assina o cheque; o cara que decide.

Os que se metem em contendas não sendo da liderança da igreja, normalmente se
afastam dela. Algumas vezes vão freqüentar outras igrejas. Na maioria das
vezes, deixam-na em definitivo.

Os motivos que elegem para a sua atitude são os mais diversos e variados. Mas
todos eles passam pelo orgulho, pela soberba, pela arrogância. Pela
incapacidade de reconhecer ou aceitar que foi cometido um erro, e, assim,
proceder o perdão.

No fundo, as contendas são fruto da falta de amor. Amor por Deus, amor pelas
almas, amor pela obra, amor pelos irmãos, que fazem com que não suportem mais
presença dos desafetos, não são capazes de perdoar erros e pecados.

Entende por que a Bíblia diz em muitas partes que o amor encobre os pecados (Pv
10:12, I Pe. 4:8)?

Quando somos envolvidos, tomados, agarrados, enchidos e dominados pelo Espirito
de Deus, a carne não tem mais poder sobre nós. Quando os esvaziamos do Poder,
da Graça e da comunhão com Espírito de Deus, então a carne opera, e frutifica
em nossos corações, em nossa vida, as obras da carne, objeto desta série.

Não permita que as obras da carne tomem conta de ti. Viva em espírito.



OBRAS DA CARNE: CIÚMES

Uma certa vez li uma tira de jornal (da seção de quadrinhos), onde havia uma
mulher se lamentando:

- Ohh... por que ele me deixou? Por quê? Por quê? Por quê? Eu não o largava pra
nada. Nunca o deixava sozinho. Eu ia comprar pão com ele, ia com ele ao
trabalho, ia com ele ao banheiro. Até na esquina de casa eu ia com ele. Nunca o
deixava sozinho, nem por um instante sequer. Por que ele me deixou? Por quê?
Por quê? Por quê?...

Uma mulher que não deixava seu marido respirar... tratava-o como um incapaz, ou
como jóia preciosa que precisava ser guardada pelo ser medo de ser roubada...

Tem gente que pensa que ciúme é tempero de casamento, e que por isso mesmo, não
é em si, mesmo, perigoso ou prejudicial...

Aliás, há uma passagem na Bíblia Sagrada que revela que Deus trata de seus
filhos com ciúmes (Tiago 4:5). Bom, então o ciúme não deve ser uma coisa ruim,
não é mesmo? Depende da origem do ciúme.

Em minha análise pessoal (e posso estar errado), concluí que o ciúme pode ter
origens diversas. Principalmente a insegurança, o sentimento de posse e o
sentimento de propriedade.

Os ciúmes por insegurança são mais observados nas mulheres. Tem medo de perder o
marido. O cônjuge é tratado como uma âncora ou bóia, sem a qual morreria
afogada. E que por isso mesmo, se agarra com unhas e dentes com insano medo de
perdê-la.

Medo de ser abandonada, desprezada, trocada por outra... Medo da humilhação de
não ter um homem só seu... Então, esse medo faz a mulher agir de forma que
causa constrangimentos, sofrimentos, dores... e a ruptura do relacionamento.
Algo como se segurasse uma coisa com tanta força em suas mãos que ela escapasse
através dos dedos...

Os ciúmes por sentimento de posse são mais observados nos homens. A sua
arrogância os fazem tratar o cônjuge como uma propriedade qualquer cujo egoísmo
não deixa ser vista ou tocada por outrem. Um animal valioso, ou uma obra de
arte de grande valor que podem ser danificados (é meu e ninguém tasca!).

É comum vermos os dois tipos de ciúmes concomitantemente em algumas pessoas.
Tratam o cônjuge como coisa preciosa e tem medo de perdê-la. E não somente em
relação aos cônjuges, mas também aos filhos, amigos, clientes, irmãos. Como se
fosse dono de tudo, e não pudesse perdê-los. Mas como perder o que não lhes
pertence?

O ciúme de que trata a Bíblia é oriunda do sentimento de propriedade.
Propriedade no sentido de ser próprio, ser parte de um todo de forma
indivisível. Tal e qual nossos braços ou mãos são nossa propriedade, e jamais
poderíamos dispor deles. Jamais poderíamos dá-los ou emprestá-los a outrem.
Compreende o que quero dizer? Posse é coisa, propriedade é parte integrante.
Somos parte de Deus pelo seu Espírito que em nós habita; se é que em nós
habita...

A enorme diferença entre os ciúmes de Deus e os ciúmes humanos, é que Deus nos
dá a liberdade de errarmos. Não nos tranca num quarto, não nos espanca, não
grita, nem xinga, não exige satisfação de todos os nossos atos, e não nos
impede de andarmos sozinhos pelas ruas, ou de sair pela noite para ver a
cidade, e tomar um refrigerante no bar da esquina.

As pessoas que a quem amamos (ou pelo menos pensamos que amamos) não nos
pertencem. Muito pelo contrário. Nós é que pertencemos às pessoas que amamos.

Quando amamos realmente alguém somos capazes de deixar que ela seja feliz,
mesmo... que seja ao lado de outro alguém.

Volto a repetir, as obras da carne se manifestam em nós quando o Espírito de
Deus deixa de agir em nós e de comandar nossos atos.

Os ciúmes de Deus são pelo sentimento de PROPRIEDADE e não pelo medo ou
sentimento de posse. Deus não tem medo de nos perder, e nos trata como um
animal ganhador de vários prêmios. E nem nós o podemos.